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Colecionismo – Luxo e Cultura

Entre as categorias de produtos e serviços que oferecem itens considerados de luxo, as coleções representam uma das mais misteriosas. Um dos motivos é que, diferentemente da maioria das demais, elas representam um prazer muitas vezes solitário, apreciado longe do convívio social ou apenas em pequenos círculos de apaixonados por determinado assunto. E muitas vezes, não envolvem marcas reconhecidas internacionalmente.

No mundo dos itens colecionáveis, uma modalidade parece ainda mais enigmática para quem dela não participa. Embora não muito comum entre os brasileiros, a paixão pelas moedas é bastante difundida em muitos países e ganha atenções também por aqui nestes tempos olímpicos. Em comemoração ao evento, foram desenvolvidos dezesseis modelos de R$ 1,00, que circularão normalmente, dezesseis modelos de R$ 5,00 em prata e quatro em ouro, estas últimas com tiragem máxima de 5 mil unidades por modelo. Embora o valor de face dos exemplares de ouro seja de R$ 10,00, quem se interessar por uma delas terá que desembolsar R$ 1.180,00. Porém, é quase certo que elas se tornem ainda mais valiosas no futuro.

Essas unidades em ouro estão entre as moedas comemorativas destinadas especificamente a se tornarem peças de colecionador ou presentes muito exclusivos. Sempre com a autorização do Banco Central, elas são confeccionadas pela Casa da Moeda em séries limitadas e podem ser gravadas e polidas individualmente. É o caso das chamadas moedas proof, belíssimos exemplares de fundo espelhado e relevo fosco, que exibem riqueza de detalhes e acabamento excelente, como convém a uma obra de luxo. Delicadíssimas, são manuseadas por artesãos usando luvas e encapsuladas individualmente em plástico para garantir a sua proteção. Elas já nascem extremamente valiosas, não somente pela sua raridade e exclusividade, mas também por seu valor intrínseco, já que são elaboradas em metais nobres, e pelo caráter artesanal de sua produção. Vale a pena conhecer mais sobre este assunto e entender porque moedas como essas fazem brilhar os olhos dos colecionadores.

Em primeiro lugar, é importante saber que a numismática e o colecionismo são práticas diferentes. Enquanto a primeira se dedica ao estudo das moedas, a segunda se relaciona à sua posse. De qualquer forma, as duas atividades costumam andar juntas, já que muitos estudiosos são também colecionadores e muitos colecionadores se tornam também pesquisadores do assunto.

O hábito de colecionar moedas começou no Império Romano, mas a numismática só surgiu durante o Renascimento. Ambas incluem, entre seus interesses, além das moedas, que têm necessariamente um valor como dinheiro, também as medalhas, que têm função apenas comemorativa.

Para quem domina o tema, essas peças são consideradas verdadeiros documentos históricos. Elas podem dizer muito sobre o povo que a originou: sua forma de governo, língua, religião, regime de comércio e situação de sua economia à época. Até mesmo o grau de sofisticação de uma sociedade pode ser avaliado pelo método de cunhagem utilizado. Essas enormes possibilidades de descobertas as torna ainda mais fascinantes e fontes de cultura geral para os apaixonados. E, além de seu valor histórico e como hobby, muitos consideram tais coleções também como uma forma de investimento, já que moedas e medalhas tendem a se valorizar com o passar do tempo e, dessa forma, trazer lucro aos colecionadores numa futura revenda.

Na numismática brasileira, a moeda mais preciosa é a “Peça da Coroação”. Com o valor de 6.400 réis e feita de ouro com 32,2mm de diâmetro, ela foi desenvolvida em 1822, em comemoração à coroação de D. Pedro I, após a Independência. Foram produzidas pela Casa da Moeda do Rio de Janeiro apenas 64 unidades, das quais somente dezesseis são ainda conhecidas. Em 2014, uma delas foi arrematada em um leilão em Nova Iorque, por quase meio milhão de dólares.

Assim, podemos dizer que, para os admiradores das exclusivas moedas comemorativas, a Rio 2016 vai deixar um legado muito particular.

Por Rosana de Moraes, em ago’2016

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