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Turismo de Luxo: Novos Caminhos

Segundo a Organização Mundial do Turismo, o número de viajantes no mundo, considerando apenas destinos internacionais, deve chegar a 1,800 bilhão até 2030.

A participação do turismo de luxo é expressiva nesse universo. Com apenas 3% do volume, ele responde por 25% da receita total, com visitantes que gastam, em média, 25 mil dólares por viagem, contra 2.500 dólares do turista tradicional, segundo o instituto Euromonitor.

Quando o motivo dos deslocamentos é o lazer, há uma nova motivação para esses viajantes: a busca por sensações inusitadas e exclusivas. É o tão falado turismo de experiência – só que de luxo!
Hotéis de grande conforto em destinos consagrados convivem agora com opções mais despojadas e voltadas à sustentabilidade, que oferecem, no entanto, doses extras de emoção e imersão em outras culturas. A atração por destinos exóticos tem colocado países como Croácia, Tunísia, Bósnia, Marrocos, Tanzânia, Omã e outros no cenário mundial do turismo de luxo.

Uma parte desses visitantes sonha viver como um habitante local e já encontra opções como hospedar-se na ilha asiática de Bornéu com a tribo Iban, que não mais decepa as cabeças de seus inimigos, mas mantém costumes de seus antepassados: vivem em casas comunais de madeira à margem dos rios, aonde se chega apenas em embarcações típicas e onde recebem seus poucos hóspedes. O conforto é limitado – o luxo, ali, reside em experimentar uma rotina e um ambiente inteiramente diversos dos habituais e conviver com os anfitriões.

Nessa busca por experiências fora de série, a África desponta como destino promissor, em países como Camarões, Guiné e Namíbia. Nesta última, atraem atenção as cabanas em locais remotos, com acesso unicamente por helicóptero e pouca presença humana. A paisagem é exótica e a fauna exuberante, mas o conforto é garantido em empreendimentos como o Little Kulala Lodge: no mobiliário, nos tecidos, na sofisticação despojada, na temperatura ideal dos ambientes.

Também na categoria exotismo com privacidade, destaca-se o Ice Hotel, na Suécia, construído anualmente – de gelo! – entre novembro e dezembro. As acomodações funcionam até o meio de abril, quando derretem e voltam a fazer parte do rio Torne. Outra opção no frio é o Kakslauttanen Artic Resort, na Finlândia: iglus de vidro incrustados na neve permitem ao hóspede deslumbrar-se, do conforto de seu quarto, com a Aurora Boreal.
No Arkansas, EUA, o Beckhan Cave Lodge abriga o viajante numa caverna real. As paredes de pedra ficam aparentes nos cinco quartos disponíveis para aqueles que desejam viver, em alto estilo, a experiência de nossos ancestrais.
O mar também oferece opções de tirar o fôlego. Em Zanzibar, na Tanzânia, as acomodações do The Manta Resort ficam sob a água, em estruturas flutuantes, que garantem aventura e privacidade, quebrada apenas por surpresos e curiosos seres marinhos.

O início das jornadas turísticas espaciais foi recentemente adiado, mas elas permanecem como próximo passo para as conquistas dos viajantes abastados em busca de aventura. Porém, já é possível, em alguns países, alugar um submarino de passeio.

O Brasil ainda engatinha no turismo de experiências de luxo. Se considerarmos a extensão territorial, a imensa costa, os rios, chapadas, dunas, falésias, a riqueza de nossa fauna e flora e a multiplicidade de culturas que representamos, pouco oferecemos ao viajante de alto poder aquisitivo que deseja se surpreender. Há algumas iniciativas isoladas nesse sentido, muitas delas capitaneadas por estrangeiros, encantados com o país, e conhecedores das práticas adotadas pelo mundo. Mas há incontáveis possibilidades a explorar, demandando os cuidados necessários para que os empreendimentos tragam prosperidade às populações locais, de mãos dadas com a sustentabilidade ambiental.

A percepção do potencial natural e cultural brasileiro para encantar turistas de alto padrão merece ser desenvolvida entre nossos empreendedores. E, para inserir o Brasil definitivamente no circuito do turismo mundial de luxo, é imprescindível também desenvolver um maior número de profissionais multilíngues e aptos para atender a viajantes altamente exigentes. Em paralelo, carecemos, como sabemos, de maior investimento oficial em infraestrutura, de aeroportos a estradas que facilitem o acesso por vias terrestres aos muitas vezes remotos destinos finais, quando o helicóptero não é uma opção.

É com os olhos voltados para nossas maiores riquezas que estaremos prontos a atender à nova demanda de visitantes de luxo de todo o planeta: viver experiências memoráveis e exclusivas ligadas à natureza e culturas diversas. E talvez resida nessa modalidade de turismo nossa verdadeira vocação.

Por Rosana de Moraes, em abr’2016

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