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Moda de Luxo – Um Pouco Sobre a Alta Costura

O termo Alta Costura (Haute Couture) foi utilizado pela primeira vez em 1858, numa referência ao trabalho realizado pela maison de Charles Frederick Worth, um inglês que produziu em Paris o primeiro desfile de moda de que se tem notícia, utilizando modelos humanos no lugar de cabides. Uma novidade! Ao longo do tempo, o termo vem sendo usado, por muitos, de forma genérica, para designar peças de vestuário de alta qualidade, exclusivas e de confecção artesanal.

Porém, o que muitos desconhecem é que ela é uma denominação protegida por lei desde 1945, algo semelhante ao que acontece com os espumantes da região de Champagne e até com a brasileiríssima Cachaça. Assim, desde então, o direito de usar o título tornou-se restrito às casas de moda autorizadas anualmente pela Câmara Sindical da Alta Costura de Paris (Chambre Syndicale de la Haute Couture), uma instituição subordinada ao Ministério da Indústria da França.

Para fazer parte desse grupo seleto, as maisons devem obedecer a regras rígidas, referentes ao número de coleções lançadas por ano, a um mínimo estabelecido de modelos em passarela em cada uma delas, a uma quantidade mínima estabelecida de funcionários empregados em regime integral. Os membros devem também possuir um ateliê em Paris, entre outras exigências. Algumas poucas maisons de outros países podem participar como membros convidados, mas também se sujeitam a uma série de regras.

Para garantir a exclusividade dos modelos de Alta Costura, cujo preço pode ultrapassar as 100 mil libras esterlinas, apenas um exemplar é confeccionado por continente. No caso de valores mais baixos, é permitida a disponibilização de até três unidades por continente.

Embora os preços dessas peças sejam altíssimos, o negócio da Alta Costura representa números relativamente pequenos no universo da moda. Porém, ele funciona como um importante instrumento estratégico, pois contribui para a manutenção da reputação das marcas e reforçam sua imagem como grandes criadoras, lançadoras de inovações belíssimas e capazes de atender a critérios rigorosíssimos de qualidade. Num mundo globalizado, de comunicação instantânea, os lançamentos de Alta Costura alcançam repercussão mundial entre clientes potenciais e também entre admiradores e interessados em moda. Essas coleções atraem as atenções de todos os cantos do mundo, conferindo grande visibilidade às maisons.

Assim, se o retorno financeiro trazido por coleções tão especiais não é tão representativo, o valor que essas peças conquistam para as marcas acaba se refletindo nos demais produtos oferecidos por elas. De forma indireta, acabam tornando todos os seus produtos ainda mais desejados.

Outros países criaram suas próprias denominações locais para as coleções artesanais especialíssimas. A Itália, outro importantíssimo celeiro da moda europeia, adota, desde 1953, o termo protegido Alta Moda, cujo uso é regulado pelo Sindacato Italiano Alta Moda. Os Estados Unidos têm sua High Fashion.

O traje de maior valor para cada um de nós é aquele com o qual nos sentimos bem. Mas Alta Costura, essa só na França mesmo.

Por Rosana de Moraes, em mar’2017

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