rmlux

Luxo Azul: A Beleza e o Mistério do Diamante Hope

O Diamante Hope é uma das pedras preciosas mais famosas de todos os tempos. E não apenas por sua beleza. Segundo a lenda, ele seria portador de uma maldição. Conheça essa história.

Primeiramente, vale a pena saber mais sobre os diamantes para entender porque o Hope é tão especial. Entre os exemplares incolores, quanto mais brancos eles forem, maior o seu valor. Porém, para surpresa de muitos, os “melhores amigos das mulheres” podem se apresentar nas mais variadas cores. São as chamadas “cores fantasia”, ou “fancy colors”. E, embora existam diamantes coloridos artificialmente, são aqueles de cores naturais os que alcançam cifras mais elevadas, superando os brancos de qualidade similar. A variedade azul está entre as mais raras e valiosas. No caso do Hope, além do azul intenso e natural, chamam atenção as dimensões, incomuns para gemas de seu nível de excelência: são 25,6 x 21,78 x 12mm e 45,52 quilates de deslumbramento.

A trajetória do Hope começa em 1660, quando o mercador francês Jean-Baptiste Tavernier o adquiriu, na Índia. A pedra tinha lapidação triangular e pesava, então, 112 quilates. Reza a lenda que foi roubada de um templo hindu dedicado à deusa Sita, onde representava um dos olhos da divindade.

Em 1668, Tavernier o vendeu ao rei Luís XIV, da França. O recém batizado Diamante Azul da Coroa ganhou nova lapidação, ficando reduzido a 67 quilates, e passou a fazer parte de um pingente de ouro, que o rei utilizava em seu pescoço. Mais tarde, seu bisneto, Luís XV, transformou a joia, dando origem ao Pingente da Ordem do Tosão de Ouro, que foi, depois, oferecido por Luís XVI a Maria Antonieta, como presente de casamento. Desaparecido durante a Revolução Francesa, o Hope só reapareceu em 1812, nas mãos do mercador de joias londrino Daniel Eliason. Supõe-se que a pedra foi então adquirida pelo rei Jorge IV, mas não há registros dessa compra.

O dono seguinte foi Henry Philip Hope, do qual a pedra ganhou seu sobrenome. Ele a comprou em 1824 e adaptou-a para um broche. Após sua morte, em 1839, a preciosidade passou a seu sobrinho, Henry Hope, e permaneceu na família até 1901, quando foi vendida a um joalheiro londrino. Depois disso, passou por diversas novas lapidações e pelas mãos de donos como o joalheiro frances Pierre Cartier e a socialite norteamericana Evalyn MacLean, que chegou a usá-la presa à coleira de seu cão. Em 1949, o Diamante Azul foi adquirido pelo joalheiro norteamericano Harry Winston, que, em 1958, doou-a ao Instituto Smithsonian, com o qual ele permanece até hoje.

Mas é por sua história extraoficial que o Hope ficou mais famoso. Segundo ela, ele traria péssima sorte a seus proprietários…

São atribuídos à “maldição do Hope” tragédias reais e outras jamais comprovadas, como o assassinato do guerreiro que roubou a pedra, a morte, por convulsões, do comerciante que a vendeu a Luís XIV, o devoramento, por lobos, de Tavernier. E também o assassinato a tiros de uma bailarina francesa presenteada com o Hope por um príncipe russo, morto a facadas, a queda de um joalheiro grego de um penhasco, a loucura de um sultão, o afogamento do desconhecido Habib Bey. Na família Maclean, a pedra teria causado a morte da mãe do patriarca, do seu filho, de dois empregados e o suicídio de sua filha, levando o próprio Maclean à depressão profunda e à morte. Até o portador que entregou o diamante ao Smithsonian teria tido sua casa incendiada, perdendo esposa e cachorro, graças à maldição.

Na conta do Hope são debitados também fatos históricos, como o abandono, miséria e morte de Madame de Monespan, amante de Luís XIV, o fim trágico de Luís XVI e de Maria Antonieta na guilhotina, a loucura de Jorge IV, a morte do filho de Catarina, a Grande. E, além disso, o falecimento, por mal súbito, do próprio Henry Philip Hope, o de sua esposa, num incêndio, e a falência e abandono de Francis Hope, segundo familiar a herdar a pedra.

Seria uma gema tão bela e cobiçada capaz de tantos estragos?

Segundo a Wikipedia, a lenda da maldição nasceu no início do século XX, criada por May Yohe, mulher de Francis Hope e que fugira para a Austrália com seu amante. Com problemas financeiros, a atriz norteamericana teria regressado a seu país e vendido a ficção a produtores de cinema de Hollywood, que acabaram disseminando a história através de num filme.

Fato é que, desde que chegou ao Instituto Smithsonian, não houve novos boatos tenebrosos sobre incidentes causados pelo Hope. O que permanece é o imenso encantamento que a pedra desperta nos visitantes do Museu Americano de História Natural.

A chance de apreciá-la, ao contrário de uma “maldição”, representa uma imensa sorte!

Por Rosana de Moraes, em nov’2016

Você também vai gostar